O DESPREPARO DAS NOVAS GERAÇÕES

Seguidamente ouço dos meus clientes questionamentos e reclamações sobre a dificuldade em encontrar jovens trabalhadores com iniciativa, vontade de aprender e de vencer. Analisando o que tem acontecido nas empresas onde muitos jovens saem do emprego quando ocorrem as primeiras dificuldades ou reclamações dos chefes, ou até quando vemos pais indo nas empresas reclamar que o superior do seu filho brigou com ele e outras situações que nunca veríamos nas gerações passadas, resolvi abordar este tem.

Nos últimos anos as empresas passaram a sentir muitas dificuldades em entender e lidar com boa parte da nova geração de jovens que estão entrando no mercado de trabalho. Obviamente isto exclui uma pequena parcela de jovens ambiciosos, desejosos de aprender, crescer e fazer uma carreira baseada na competência, meritocracia e aprimoramento pessoal e profissional.

Antes dos anos 60 a grande maioria dos pais eram muito autoritários, com pouca demonstração de afeto e muita cobrança e quase sem diálogo aberto. As regras sociais eram rígidas, assim como os padrões de família, vestuário e tudo o mais. O mundo era muito definido entre o que era certo e errado, o que também gerava grande rigidez nas tradições, sexualidade e formas de pensar.

Entre os anos 60 e 70 eclodiram três grandes movimentos que mudaram tudo: o movimento hippie, a contracultura e a revolução feminina, trazendo grandes transformações que foram se estendendo a todas as áreas. Sexo, música, artes, cultura, comunicação nunca mais foram os mesmos. A sociedade, a mídia, a propaganda, a indústria e o mercado como um todo foram atingidos e tiveram que se adaptar aos novos tempos e novos consumidores.

Assim como a liberdade que a pílula trouxe para as mulheres, os movimentos da contracultura e dos hippies inseriram uma “nova era” nas formas de se relacionar, vestir, agir, e isto levou as pessoas a usarem roupas mais coloridas, alegres, contestadoras. As artes e a música mudaram, as pessoas se expressavam mais, e nas famílias surgiu uma maior comunicação entre pais e filhos, entre jovens e adultos, o que foi mudando todas as regras do jogo.

Pais que sempre se sentiam oprimidos começaram a ser mais carinhos, a educarem seus filhos com mais afeto, elogios e diálogo. Assim os pais que antes tinham sido criados num ambiente mais formal, rígido, sem demonstrações claras de afeto e comunicação aberta, foram transformando a sua forma de se relacionar entre o próprio casal e com os filhos. A mulher passou a poder expressar mais seus sentimentos e desejos e aos filhos foi dado mais liberdade de pensar, expressar e agir.

Os pais tentaram compensar com seus filhos o que não receberam e foram indo ao outro extremo, dando carinho, presentes e elogios, muitas vezes em demasiado. Com o medo de criarem traumas e serem vistos como “frios ou durões”, e por quererem uma comunicação mais aberta e livre, foram deixando os filhos fazer o que quisessem, e pararam de cobrar os mesmos de obrigações básicas, seja ajudar nas tarefas domésticas como arrumar o quarto e limpar a casa, como também deixando que eles respondessem de forma agressiva ou desrespeitosa.

Desta forma muitos jovens foram criados como se fossem o centro das atenções, como se tudo o que quisessem tivesse que ser dado pelos pais e de tanto receber elogios desmedidos, passaram a acreditar que eram inteligentes, gênios e líderes, o que na maior parte dos casos não era realidade.

Os pais foram tornando os filhos fracos de força de vontade pois eles não tinham que se esforçar para nada, mimados como crianças, pois tudo lhes era dado, e incapazes de lidar com o “não”, o que os tornaram fracos para lidar com os “nãos” da vida, da sociedade, bem como dos superiores nas organizações.

Então, quando estes jovens entram no mercado do trabalho sentem-se despreparados, inseguros e imaturos para assumir responsabilidades. Não sabem lidar com cobranças inerentes a obrigações e a urgência do tempo. Por não terem sido cobrados por melhores resultados e recebidos elogios sem base de competência real, se sentem frustrados com as cobranças dos superiores e tendem a sair por qualquer problema que se apresenta.

Pela imaturidade para assumir responsabilidades e por causa da insegurança oriunda do excesso de proteção dos pais, tendem a se sentir incapazes e a fugir sempre que se sentirem cobrados, e é impossível não ser cobrado em uma empresa. Muitas vezes são inteligentes realmente e dominam algumas tecnologias de forma superior aos que estão em cargos maiores, e para não perder estes talentos as empresas começaram a infantilizar as organizações, chegando aos extremos do Google onde o ambiente é todo colorido, com objetos infantis e adolescentes em tudo que é canto, com mesas para jogos, e onde as pessoas podem ir com roupas totalmente informais, e até com bichinhos de estimação.

Então estamos aprendendo como amadurecer os bons talentos nas organizações, gerando neles o profissionalismo, a responsabilidade e a busca de maior competência, e os jovens por outro lado estão tendo que aprender que o sucesso é uma conquista, que tem muito a aprender e que precisam lidar melhor com o “não”, com as frustrações e as cobranças dos superiores, dos colegas e do mercado.

Bruno Krug

Mentoria de Lideranças e Palestras Motivacionais
(55) 98142-5600
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